sexta-feira, agosto 25, 2006

DEMIITIR BOYS E GOVERNANTES

Parece mentira mas é verdade, em Portugal é mais fácil fazer cair um ministro ou um secretário de Estado do que um director-geral ou subdirector-geral incompetente, aquilo a que vulgarmente se designa por boy.
Para demitir um ministro basta uma indisposição do primeiro-ministro, um qualquer problema numa vértebra C qualquer coisa, provocado por cansaço ou uma chicotada psicológica que, em política, se designa por remodelação governamental.
Quando um governante é demitido, leva um chuto e ponto final, mas para demitir um boy é uma carga de trabalhos, se o despacho for feito sem cuidado vem o Provedor de Justiça cuidar da "vítima" e, mais tarde ou mais cedo, o Supremo Tribunal Administrativo, no fim, ou ganha uma promoção ou uma indemnização.
Se for um boy do partido que os eleitores mandaram para o Purgatório da oposição, a coisa ainda é fácil, basta esperar que faça asneira da grossa. Mas se for um boy do partido do governo a coisa complica-se, depois de se terem encoberto as mentiras, com comunicados do gabinete de imprensa é muito difícil dizer que foi engano, que o rapaz é incompetente.
Como muitos boys são especialistas em diversificar relações só raramente se apanha um desprevenido.
Nos últimos dias soube-se que os administradores de um hospital eram ciosos defensores das poupanças pedidas pelo ministro e, ao mesmo tempo que as divulgavam, compraram carros de luxo.
O ministro da Saúde assinou um despacho, demitindo-os?
Nem pensar, assinou um despacho que mais parecia um anexo aos Evangelhos, referindo o que era considerado pecado na gestão hospitalar, mas o certo é que os pecadores acabaram por ser benzidos. E nem vale a pena referir o que se tem passado na DGCI onde os prejuízos são cada vez mais elevados e o ministério se desdobra em comunicados que são lições de ginástica, tantos são os fliques-flaques que o ministério dá para não tropeçar em tanta asneira.
E quando um ministro tem a intenção de substituir um dos boys que lhe saiu na rifa, descobre que está protegido por uma teia de interesses - que pode envolver desde a Opus Dei ou Maçonaria a um qualquer outro membro do Governo. Num país tão pequeno cono o nosso, já não há ninguém que não seja amigo de um ministro, do Presidente da República ou mesmo do Cardeal Patriarca.
A verdade é que ao longo de uma legislatura são mais os ministros e secretários de Estado que são substituídos do que os boys demitidos por incompetência.

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