Jácome Panela, caminhante de Bolonha em Óis da Ribeira, frente ao centro social da ARCOR, com o «Little John», o seu canino companheiro de viagem de já quase um ano |
Jácome Panela em Óis da Ribeira |
Um arqueólogo italiano passou ontem por Óis da Ribeira a caminho de Santiago de Compostela, com um desvio, para conhecer Aveiro - a Veneza de Portugal.
Jácome Panela, de seu nome.
Um italiano solitário e bem disposto, com frescura física que lhe sobra, de calções e mochila que lhe galga a cabeça, carregando tenda, poucas roupas, artigos de higiene diárias..., e as guedelhas alouradas de muitos em dias sem corte.
Há semanas, contactou o
d´Óis Por Três (casualmente, explicou-nos agora...) para melhor conhecer os caminhos rurais da região.
Não demos valor à pergunta, até desconfiámos de tal contacto, de resto por mais duas vezes repetido. Até que há duas semanas, nos deu conta de estar em Lisboa, depois de 2 300 e tal quilómetros galgados a pé desde Bolonha, atravessando a França e toda a Espanha e já uma boa parte de Portugal.
«Vou caminhar ao longo da costa, quero ir à Nazaré e a Fátima, a Coimbra, até Santiago. Pode dizer-me se o caminho para Santiago está por aí bem assinalado», perguntou-nos. Respondemos com o que sabíamos e procurámos saber. Afinal, uma das rotas passa aqui mesmo ao lado.
O caminho português, na verdade, passa no Município de Águeda, cuja sede concelhia o tem o final da Etapa 11 (Mealhada-Águeda) e o início da Etapa 12 (Águeda-Albergaria-a-Velha). Foi isso que dissemos.
E descartámos o caso.
Há 3 dias fomos de novo contactados.
«Estou em Coimbra, vou ver a Universidade e seguir para Santiago», disse-nos: «Gostava de vos contactar!».
O longo caminho de Jácome Panela |
Óis da Ribeira no
Caminho de Santiago
A meio da manhã de ontem, fomos surpreendidos com um contacto telefónico de Jácome Panela.
Estava a sair de Águeda, tinha-se acolhido no albergue da cidade - o albergue da Rua Manuel Alegre, viemos a saber - e ia seguir um caminho pedestre que passaria por Óis da Ribeira, a caminho de Aveiro.
«Estou indo bem?», perguntou-nos.
Jácome Panela não falhou um minuto do tempo marcado e surpreendentemente vimo-lo chegar ao centro de Óis da Ribeira, no largo do Centro Social da ARCOR, onde se deixou fotografar com o «Little John», o seu canino companheiro destes milhares e milhares de quilómetros de caminhada solitária.
«Gostava de fotografar-me na vossa Sé, pode ser?», sugeriu e perguntou Jácome - que tem como hábito fotografar os templos das localidades por onde passa e «já são largas centenas».... como nos disse. E fotografámo-lo frente à Igreja de Santo Adrião de Óis da Ribeira. E lá seguiu viagem para Aveiro, pelo paredão do rio Águeda. De lá voltará à etapa Águeda-Albergaria, ao caminho para Santiago de Compostela.
Lisboa a Santiago de Compostela:
- mais ou menos 550 kms.
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Bom vinho
e boa comida !
Jácome Panela é solteiro e arqueólogo, tem 40 anos e longas barbas alouradas, que lhe crescem desde que, em Junho de 2019, deixou a sua Bolonha natal - ainda que há pouco aparadas na Nazaré.
Carrega farta mochila e é homem de farto e feliz sorriso, sempre em larga e genuína disposição..., nesta «viagem de vida» que alimenta com a sua saúde física e frequentes telefonemas aos pais.
«Lá estão à minha espera, muito ansiosos e carregando-me o cartão do banco...», disse, com farta gargalhada. «Gosto muito de Portugal, bom vinho e boa comida».
E vai voltar a Bolonha, a pé?
«A pé, a pé.... sempre a pé, conto lá chegar dentro de um ano, eu e o Litlle John», que o olhava, contemplativo.
Antes disso e depois de Santiago de Compostela, sempre a pé..., ainda quer ir à ponta de Sagres!
«Ando a fugir ao COVID-19, em boa hora..., e não sabia, saí de Itália..., cá em Portugal não dei por ele...». E voltou a sorrir, a gargalhar tocando no lombo do «Little John» com um toque do pau que o apoia na caminhada.
Seguiu pelo paredão do rio, a caminho de Requeixo, contando ir pernoitar a Aveiro.
Sempre desconfiamos que o 2x3 tinha e tem um contacto telefónico.
ResponderEliminarMas enfim esta linha directa só está disponível para caminhantes e trauliteiros errantes.
Enfim... é caso para dizer cada um tem o que merece e uma população inteira paga as favas e o guisado que não cozinhou!
Também está gente Ribeirinha era farta e de feliz sorriso, sempre em larga e genuína disposição...
ResponderEliminarMas desde que um tal eleito local se intrometeu no nossos a fazeres e só quer que carregamos o cartão do banco , ficamos todos ansiosos que seguia caminho pelo o paredão do rio...