domingo, maio 27, 2018

A arte de prometer e não cumprir, a propósito da pateira, há 11 anos!

A pateira a 12 de Abril de 2018, quase em frente ao restaurante. Passados 11 anos
desde a petição camarária na Assembleia da República, fez-se o quê? 
Os peticionários da pateira, a 12 de Abril de 2007, na Assem-
bleia da República: Amílcar  Dias, Fernando Pires, Gil Nadais,
Célia Laranjeira, Paulo Matos e Manuel Campos (foto da net)

A habilidosa arte da propaganda tornou-se arma populista da ge-
neralidade dos políticos, que não passam de actores e profe-tas com um um-bigo do tama-nho do mundo e se apoiam em agências e ór-
gãos de comu-
Petição teve 5 145 assinaturas e valeu o... quê? (net)
nicação social, redes sociais e outras que tais para «ampliar» o que anunciam fazer e nas mais das vezes não fazem.
O ex-presidente da Câmara Muni-
cipal de Águeda foi habilissíssimo nessa arte, como todos sabemos: mandou despachar notícias atrás de notícias para tudo o que eram jornais, rádios e televisões, para tudo o que era (é) caixa de eco das suas poções mágicas e os órgãos de comunicação publica(ra)m, divulga(ra)m e amplia(ra)m os ecos e nunca mais pergunta(ra)m pelos resultados - pelo anunciado.
A arte e o interesse dos políticos nestas «notícias» são óbvios e públicos: prometem os fundos e os mundos (nomeadamente em anos eleitorais), com o maior desplante e, no geral, já sabendo que não serão cumpridas. E que ninguém lhes pede contas.
Os órgãos de comunicação social, ou ociosos ou muito (des)in-

teressados, dão conta desses anúncios, como se fossem verda-
des adquiridas, e nunca mais os vão conferir.
Quantas e quantas vezes fica a aldrabice como verdade.
A pateira, os jacintos e a canoagem da Arcor, a 17 de
Dezembro de 2017. Foto de Luís Neves (net)

O caso da
 pateira

A 17 de Abril de 2007, há mais de 11 anos e na As-
sembleia da Re-
pública, a patei-
ra foi motivo para uma dessas notícias, quando se apresentou a Petição 99/X, pelo grandiloquente Gil Nadais e outros, a solicitar medidas legislativas para salvaguarda da dita pateira.
Gil Nadais, anote-se, foi primeiro subscritor da petição, com 5 145 assinaturas, e o séquito oficial incluía os presidentes da Assem-
bleia Municipal (Paulo Matos) e das Juntas de Freguesia de Fer-
mentelos (Amílcar de Lemos Dias, já falecido), Óis da Ribeira (Fer-
nando Pires) e Espinhel (Manuel Campos), o assessor de impren-
sa da autarquia municipal, a técnica bióloga que acompanha(va) o processo de recuperação da pateira e um jornalista.
Gil Nadais, em síntese, pediu medidas legislativas para salvaguar-
dar a pateira, que, lembrou na AR, é uma Zona de Protecção Especial (ZPE). E recapitulou acções camarárias para que a lagoa fosse Zona de Paisagem Protegida (ZPP). 

Acta que (não
faz... história !

A acta nº. 79 da Comissão de Poder Lo-
cal, Ambiente e Ordenamento do Terri-
tório, da X Legislatura (2ª. Sessão Le-
gislativa), das 15,30 horas de 7 de Abril de 2007, dá conta que o presidente Gil Nadais entregou um CD e uma brochu-
ra apontando «as medidas e acções que visam o desenvolvimento sustentável, a conservação e protecção da maior lagoa natural da Península Ibérica».
A saber e citando a referida acta da AR:
1- Desassoreamento do fundo da pateira.
2 - Reconstrução do “açude” localizado a jusante da lagoa.
3 - Construção de um canal de ligação do Rio Águeda à Pateira.
4 - Construção de um Fluviário / Centro de Interpretação.
5 - Paisagem Protegida da Pateira de Fermentelos. 
6 - Requalificação e valorização das margens.
7 - Definição de itinerários e percursos temáticos intermunicipais.

Palavras ditas
há 11... anos!

O debate parlamentar realizou-se a 28 de Novembro desse mesmo ano (de há quase 11...), as senhoras e os senhores deputados debitaram lugares comuns para a acta e a resolução apontada para os problemas da pateira passaria por uma candidatura ao QREN - o Quadro de Referência Estratégica Nacional, «coisa» bem pomposa!
Isso mesmo, mui atenta, cortezmente veneradora e ociosamente obrigada, mais uma vez tal relatou a comunicação social, sem, aparentemente, cuidar de saber do rigor de tal informação. 
Dito isto, o que se deve perguntar, 11 anos depois - 11 anos!... -, é qual das 7 medidas foi concretizada? 
Qual foi, qual foi?
E aos órgãos de comunicação que espalharam a notícia, magnâni-
mamente arautos de tanta ficções do oficialato político, pergun-
tar-lhes, olhos nos olhos: já a conferiram? O que pomposamente foi anunciado, está concretizado?
E ao sexteto que foi até Lisboa: que raio de figura lá foram fazer?
- Foto e filme do padre Júlio Grangeia, AQUI
- Ver acta da Assembleia da República, AQUI
- Debate parlamentar de 29/11/2007, AQUI
- Detalhe da petição, AQUI

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