sábado, agosto 25, 2018

O dia 25 de Agosto na memória dos ribeirenses...

A apanha do moliço na pateira (a net). A forma das bateiras faz pressupor que sejam
moliceiros de Óis da Ribeira. Alguém reconhece alguém?
Casal de Óis da Ribeira a carregar moliço para
adubar as terras. Parecem ser Manuel e Izilda

O dia 25 de Agosto foi, em outros tempos, para aí uns 3 anos para trás, tempo da abertura da apanha do moliço na pateira. Hoje, não há abertura, nem moliço. Há jacintos!
A tradição era antiga e já não é do tempo do d´Óis Por Três, que praticamente conheceu a pateira já do tempo d sua eutrofização e, muito vagamente, algis moliceiros por lá andarem na apanha. 
Há, no entanto, histórias que passaram da lareira dos avós para a memória colectiva e levam a recuar para os dias 25 de Agosto.
Eram os dias em que, por um acordo entre as Juntas de Freguesia ribeirinhas, começava a segunda campanha de cada ano e o sino da Igreja de Fermentelos dava o sinal para que os povos de Óis da Ribeira, Espinhel, Fermentelos e (menos) Requeixo pusessem mãos à vara, fizessem «voar» a bateira e galgassem as águas da pateira para o apanhar, de ancinho puxado ao ombro e força de gigantes para o chegar ao lastro da pequena embarcação, a encher, e depois a remar até aos portos da margem e lá a descarregar. 
Ribeirenses a descarregar moliço
das bateiras. Imagem dos 60!

Moliço adubava
terras de cultivo
O moliço servia de adubo para as terras e tinha duas épocas de apanha. Era esta, a que abria a 25 de Agosto, e outra que seria por finais de Março e até Junho, salvo erro. Era carregado à força braçal, em carros de juntas de bois, ou nas carroças que as famílias menos abastada tinham (puxadas por uma vaca, como se vê na foto) e mais tarde em tractores, para as terras. 
A imagem mostra um casal de Óis da Ribeira a carregar uma carroça de moliço: ele, no serviço mais pesado e a exigir mais força (mandar o moliço, à forquilha, para cima do(a) carro(ça). Ela, em serviço mais leve, a acamá-lo, para que se segurasse na viagem.
Supõe-se que este casal seria o sr. Manuel Vieira (dito, o Putas), já falecido, e a sra. Izilda Viegas, ainda viva e a completar 98 anos no dia 25 de Dezembro próximo, dia de Natal. Será?
O moliço praticamente deixou de existir, nomeadamente depois da dragagem da pateira (em finais dos anos 80, por aí...), e já muito poucos se lembrarão dele e da importância que tinha na economia agrícola local.  Praticamente, só a geração sénior, na casa dos 65/70 e mais anos. E muito menos se lembram do 25 de Agosto e do seus rituais, dia do qual o d´Óis Por Três gostaria de conhecer mais pormenores. E alguém quiser ajudar...

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