A Câmara Municipal de Águeda deliberou adquirir o Foral de Óis da Ribeira, na sua sessão de 7 de Dezembro de 1983. Há precisa-
mente 35 anos!
O executivo era presidido pelo dr. Denis Ramos Padeiro e muito pouco conhecida é a história de um cidadão alemão que, na altura da licitação, o quis comprar, che-
gando a oferecer 500 contos - qualquer coisa como o equiva-
lente, segundo o conversor da Pordata, a actuais 15 121,98 euros.
Sensibilizado e compreensivo, acabou por desistir. Também a Casa Ducal de Vila Viçosa o pretendia adquirir, desistindo do de Óis da Ribeira e comprando o foral da antiga vila de Paus, agora pertencente à freguesia de Alquerubim, concelho de Albergaria-a-Velha.
O histórico documento estava em leilão em Lisboa e a Câmara de Águeda delegou no arquitecto Armando Canelhas, aguedense especialista na ma-
téria, os contactos com os leiloeiros Azevedo & Burnay, «estabelecendo o preço máximo de 200 contos». Seria agora 6 048,79 euros.
O tempo passou e, a 15 de Dezembro de 1983, a Câmara Municipal de Águeda anunciou que o arquitecto Armando Canelhas esteve no leilão do dia 13 (ou 14?) anterior e que arrematou o foral manuelino por 155 contos - seriam agora 4 687,81 euros.
Assim o Foral de Óis da Ribeira foi para a Câmara Municipal de Águeda, e lá está, sem que, nestes 35 anos entretanto passados, alguma vez tenha sido mostrado às gentes da vila ribeirense. Ou, porventura, alguém de OdR o tenha visto, além se ser nas fotografias.
Assinatura do Rei D. Manuel I |
Foral de 16 folhas
em pergaminho !
O foral, ao tempo, era «um carta de lei que regulava a administração de uma localidade, ou que concedia privilégios a indivíduos ou corporações».
Era «um título de aforamento de terras, antigo regulamento de repartições públicas, e tinha como objectivo «a instituição de concelhos».
O foral manuelino de Óis da Ribeira, segundo o catálogo do leilão, tem 16 folhas, em pergaminho de 280x195 mm, com pastas em madeira, revestidas de vitela, com ferros a seco e aplicações de metal e vestígios de fechos.
A folha de entrada, como se vê na imagem de cima, tem as armas reais e cercadura ornamentada, com motivos florais e texto com iniciais filigra-
nadas a azul, vermelho e roxo. Nas folhas finais, e ainda segundo o ca-
tálogo do leilão, «tem vistos de correição da maior raridade».
O manuscrito está rubricado a azul e vermelho, com índice nas folhas iniciais. A parte interior da lombada e os cantos estavam danificados, para além de alguns picos de traça. Está datado de 2 de Junho de 1516, com a assinatura do Rei D. Manuel I, como se pode ver na imagem de baixo.
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