quinta-feira, abril 18, 2019

Ribeirenses emigrantes no Brasil de 1911...

Livro de registo de passaportes
do Governo Civil (1911)
Benjamim Freitas

O Governo Civil de Aveiro emitiu, a 19 de Abril de 1911, há 108 anos!..., passaportes para três ribeirenses que pretendiam emi-
rar para o Brasil: José, Angelino e Venâncio.
Os tempos de Portu-
gal, por esse tempo da segunda década do século XX, não eram os mais fáceis, num país envolvido em fartas lutas políticas - as subsequentes à implantação da República. Emigrar, era uma solução possível, para se angariar melhor sustento e, quem sabe, fazer fortuna na terra da árvore das patacas - o mítico vegetal de tronco lenhoso que, a acreditar na lenda, pelo Brasil daria... patacas, moeda de prata de origem portuguesa e que era a unidade monetária brasileira. Claro que era uma lenda!
Os três ribeirenses foram os seguintes:

1 - JOSÉ RODRIGUES: Trabalhador de 26 anos, solteiro, que era natural de Lourizela, freguesia do Préstimo, onde nasceu a 21 de Novembro de 1883, mas ao tempo residente em Óis da Ribeira.
Era filho de Maria de Je-
sus, supostamente criada de servir de alguma família da fregue-sia, e emigrou para o Rio de Janeiro, dele se sabendo a altura (1,61 metros) e algumas características físicas: cicactriz no sobro-
lho direito, rosto comprido, olhos castanhos e cabelos e sobro-lhos pretos, nariz e boca regulares.
Regressou a Portugal em data indeterminada e casou-se a 12 de Janeiro de 1920, com Maria Gaspar de Jesus, de Requeixo. Enviuvou a 4 de Outubro de 1961 e faleceu a 3 de Março de 1962. Não sabemos se deixou descendentes.

2 - ANGELINO MARQUES: Filho de José Maria Mar-
ques Saldanha e de Maria José Gomes, solteiro, ti-
nha então 21 anos e 1,69 metros de altura. Trabalhador rural, tinha olhos e sobrolhos castanhos, cabelos pretos, nariz e boca regulares, rosto comprido e um sinal cabeludo por baixo do queixo.
Emigrou para Pelotas, no Estado do Rio Grande do Sul - onde está actualmente radicado José Augusto Estima Ferreira dos Reis, irmão de Maria do Carmo e de Maria Eugénia, da Rua Ben-
jamim Soares de Freitas. Regressou anos depois, em data des-
conhecida, casando-se em Travassô a 10 de Novembro de 1919, com Vitória da Conceição Reis, de Cabanões. Descendentes e actualmente moradores em Óis da Ribeira, são os seus netos Assilénio e Maria José dos Reis Carvalho e Santos, irmãos de Horácio (já falecido, em Fujacos), Adérito (morador em Eirol) e Alba (moradora em Requeixo) - filhos de Maria Gomes dos Reis (a Maria do Emílio, já falecida).
Angelino Marques (Saldanha) nasceu a 29 de Junho de 1889 e faleceu em Cabanões, a 18 de Agosto de 1964, aos 79 anos.

3 - VENÂNCIO SOARES DOS SANTOS: Carpinteiro de 31 anos e solteiro, filho de Joaquim António Soa-res de Freitas, lavrador, e de Maria José dos Santos, governanta de casa, am-
bos de Óis da Ribeira.
Nascido a 3 de Março de 1880, tinha 1,70 metros de altura, cabelo, olhos e sobrolhos castanhos, nariz e boca regulares. Também emigrou para Pelotas, no Rio do Grande do Sul brasileiro, e muito provavelmente não terá voltado a Portugal.
Era irmão de Isaac e Benjamim Soares de Freitas, que também para lá emigraram - este regressando a Óis da Ribeira, onde viria a ser presidente da Junta de Freguesia e benemérito, distinguido com nome de rua, por ter oferecido o telefone e o relógio da torre sineira, oficialmente inaugurados a 13 de Março de 1955. O relógio já funcionava desde Agosto de 1954. 

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