quinta-feira, setembro 02, 2021

Das traulitadas e mau-querer à comovente e terna candidatura em comunhão de interesses eleitorais...


A Assembleia Municipal de Águeda em
Óis da Ribeira, a 28 de Fevereiro de 2019


O d´Óis Por Três andava curioso por ver, na promoção das candidaturas do movimento «Juntos Por Águeda», com que cara se apresentariam aos eleitos Jorge Almeida e Sérgio Neves, agora recandidatos e Juntos por Águeda e UFTOR ,respectivamente presidentes da Câmara Municipal de Águeda e da Junta de Freguesia da UFTOR.
A nossa curiosidade tinha a ver com a forma inenarrável como se trataram e ofenderam na famosa Assembleia Municipal que decorreu no salão da ARCOR, em Óis da Ribeira e a 28 de Fevereiro de 2020.
Há ano e meio!
A famosa Assembleia Municipal em que as presidenciais figuras, então eleitos por listas diferentes e bem opostas e agora «juntos» por comunhão de interesses, se acusaram mutuamente. A Assembleia que, para a história da democracia aguedense, ficou como a sessão do... trauliteiro que precisa(va) de crescer como homem e como político, entre outros mimos de despeito e desrespeito recíprocos.
Sérgio Neves na
AM de 28/02/2020

Junta de TravassÓis sem vontade de
confraternizar com Câmara e eleitos
da Assembleia Municipal

Se bem se recordam, Sérgio Neves era o anfitrião e começou por explicar a razão de não ter sido oferecido o tradicional jantar que antecede estas reuniões da AM: para poupar, pelas dificuldades financeiras com que se debate a Junta de Freguesia. 
Acrescantou um segundo motivo e disse: «Por não termos vontade de confraternizar à volta de uma mesa, depois da forma como esta União de Freguesias foi tratada pela Câmara Municipal desde as eleições da 2017 e depois das intercalares de 2019».
E não poupou palavras, considerando que a UFTOR foi «ostracizada, boicotada e discriminada relativamente a outras freguesias». Boicotada pela Câmara presidida por Jorge Almeida, bem entendido.
Sérgio Neves auto-considerou-se «defensor tenaz» da UFTOR e disse que a culpa desta ostracização, boicote e discriminação é de quem «não aceitou os resultados» das eleições, ora as de 2017 ora as de 2019, e de «quem os apoia» - numa clara indirecta a Jorge Almeida e ao Movimento Juntos - o Movimento Juntos que agora integra, com outra roupagem vestida. Por causa deles, do Juntos de 2020, sugeriu Sérgio Neves que «a freguesia viu-se privada» de apoios camarários e considerou esse tempo como «um período triste», um período em que «todos me abandonaram».
Jorge Almeida, ao centro, «mandou» Sérgio Neves
«crescer como homem e como político»

 


Crescerem como homens
e como políticos !!!...


Os trabalhos foram presididos por Brito Salvador (Juntos) e Sérgio Neves, na sua intervenção, recordou «uma Assembleia Municipal desse período, na qual o sr. presidente da Câmara disse que eu tinha de crescer como homem e como político. Registei essas palavras e hoje devolvo-lhe as palavras», disse Sérgio Neves.
O autarca travassÓisense falou de «80 000 euros que ficaram por dar à Junta» e considerou inúteis as reuniões com o presidente da Câmara, Jorge Almeida, que não cumpriu a deliberação da Assembleia Municipal realizada na Trofa, no sentido das verbas camarárias (do período de Outubro de 2017 a Março de 2019) serem enviadas para a UFTOR, o que não aconteceu.
Sérgio Neves, sem papas na língua e em tom acusatório, interrogou-se sobre o que valerem as reuniões com o presidente da Câmara Municipal e considerou não ter ilusões sobre o abandono a que a autarquia municipal votou a UFTOR.
O autarca travassÓisense, falando das (não) transferências camarárias para a UFTOR, disse a que as freguesias deveriam «ser tratadas da mesma maneira» e, dirigindo-se a Jorge Almeida, afirmou que «o seu comportamento já não me ofende».
«Ofende o povo. Se não inflectir, o povo dar-lhe-á a sua resposta», disse Sérgio Neves, acrescentando, sobre as (não) transferências, que «tem hoje a oportunidade de se reconciliar com o povo».
Jorge Almeida, quando interveio, chegou a perguntar-lhe se queria «acertar as contas» já naquela famosa e polémica sessão da AM.
Brito Salvador presidiu à AM

 O que fez a Câmara em
Travassô e Óis da Ribeira

O presidente da UFTOR referiu-se, também, a um panfleto eleitoral das intercalares, no qual o Movimento Juntos, o de Jorge Almeida, lembrava ao povo travassÓisense que «Câmara e a Assembleia Municipal são geridas pelo Juntos». E proclamava, o panfleto: «Não tenham ilusões. Se quiserem recuperar o tempo perdido, votem neste projecto, pois ele tem o apoio total do executivo municipal, mais. Não se deixem iludir, pois todas as verbas destinadas à União passarão pelo executivo municipal e só com o seu aval seguirão o percurso para o qual se destinam».
«Não me recordo de qualquer desmentido da Câmara», precisou Sérgio Neves, considerando que «quem cala, consente» e, entretanto, enunciando a colaboração da Câmara Municipal de Águeda à UFTOR nos «últimos 3 anos». E disse:
1 - Apoio à construção do armazém da Junta em 40%, faltando pagar a segunda tranche, já aprovada,
2 - Comparticipação de 40% na aquisição do tractor.
3 - Transferência de verbas para limpeza de Fevereiro a Dezembro de 2019.
4 - Caixilharias da escola primária.
As acusações de Sérgio Neves ao presidente e à Câmara Municipal de Águeda repetiram-se, com uma confissão final: «Eu não consigo gerir a freguesia quando não se sabe o que se vai receber».
O rol de acusações de Sérgio Neves foi grande, envolvendo, por exemplo e no que diz respeito a Óis da Ribeira, a pateira, o alargamento e asfaltamento de ruas, a ligação a Requeixo.

Câmara e Mesa da Assembleia 
Municipal em Óis da Ribeira

Acusação
Um presidente da Junta
trauliteiro e perigoso !


Jorge Almeida, «acossado» pela dureza das palavras de Sérgio Neves, confessou a sua «perplexidade» relativamente ao que ouviu e foi curto, começando por registar «a forma inusitada e única como fomos recebidos pelo presidente da Junta de Freguesia».
O presidente da Câmara Municipal de Águeda lembrou que os travassÓisenses «também nos elegeram» e sublinhou «a forma trauliteira, inusitada e perigosa» como Sérgio Neves interveio no areópago municipal, para mais, dizemos nós, sendo o anfitrião.
Sobre as as obras, referiu-se ao saneamento de Óis da Ribeira, precisando que o concurso é de Junho de 2017, antes da eleição de Sérgio Neves - «ainda o senhor não era influente...», satirizou. Como quem diz que ele (Sérgio) nada tem a ver com isso. E quanto ao alcatroamento das ruas intervencionadas pelas redes da água e saneamento, afirmou que «o concurso lançado pela AdRA resulta de um protocolo com a Câmara».
«Gostaria de afirmar que Óis da Ribeira vai ter obras e obras, vão ver...», disse Jorge Almeida, sublinhando também que «Águeda é a Câmara que mais transfere para as freguesias» e ainda que «Travassô e Óis da Ribeira não vão ficar a perder».
Candidaturas em comunhão de interesses e
desejo de servir, mas com separação de vontades !


 
Tão (in)amigos que
agora s(er)ão !!!...

Pois bem, inimigos do ontem de há ano e meio, concorrem agora pela mesma lista, com o mesmo projecto político. Amigos de hoje.
«Em Travassô e Óis da Ribeira, o Sérgio Neves e a sua equipa, estão fortemente motivados para dar continuidade à obra e aos projetos que temos para a União de Freguesias», lê-se na página oficial da candidatura, que tem a chancela de Jorge Almeida, acrescentando que «vamos então continuar a construir e a desenhar o futuro, contribuindo para o desenvolvimento e promoção do bem comum».
«Obrigado, Amig@s!», conclui o documento, com comovente candura e quase paternal ternura, inimaginável há 18 meses. 
É política, dirão!
Cresceu um, muito, politicamente e como homem? Acabaram-se as traulitadas e ardem paixões nas labaredas da política?! Os trapos juntaram-se por um casamento de conveniência?, perguntamos nós. 
Vá lá saber-se!
- NOTA: O d´Óis Por Três nada tem contra ou a favor desta candidatura. 
Como a de qualquer outra. Apenas faz nota de um registo histórico e sublinha
a pacificação relacional e política destes dois servidores do interesse público,
há ano e meio tão distantes e «sem se poderem ver» e que, afinal e de mãos e almas 
dadas, vão «continuar  a construir e a desenhar o futuro, contribuindo para o 
desenvolvimento e promoção do bem comum».
Sábias palavras e belíssimas promessas! Assim é que é bonito e aplaudível!

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