terça-feira, maio 22, 2018

Padre/Monsenhor José Bernardino solto, há 106 anos, da prisão do Limoeiro

Padre/Monsenhor José 
Bernardino Santos Silva


O padre José Bernardino dos Santos Silva foi solto da prisão do Limoeiro, em Lisboa, a 22 de Maio de 1912, hoje se passam 106 anos. 
Esteve detido por acusação de traição à pátria, de que viria a ser absolvido. Como preso político, durante 5 meses, na sequência da implantação da Repú-
blica (em 1910), e, depois de cumprir prisão no Alto do Duque e Limoeiro, em Lisboa, foi solto sob fiança concedida pela Relação de Lisboa. 
Chegou a Ois da Ribeira nesse dia de Maio de 1912. Imediatamente antes, na estação ferroviária de Aveiro, foi surpre
endido pela recepção de vizi-
Igreja de Muqui (Brasil)
nhos e amigos, que o acompanharam 
até ao apeadeiro de Cabanões, onde, egundo a imprensa da época, «foi recebido com muitos cumprimentos de amizade e alegria pelos bons paroquianos de Óis da Ribeira».

Quem é quem?

José Bernardino dos Santos Silva era filho de Manuel Tavares Duarte e Maria José dos Santos Silva, tendo celebrado missa nova no Dia de Reis de 1903, na Igreja de Óis da Ribeira e aos 22 anos. 
Foi pároco de Trofa e Ois da Ribeira (onde entrou a 6 de Abril de 1908). Também exerceu em Coimbra e em muitas Paróquias do Estado do Espírito Santo (Brasil), onde foi um dos construtores da Igreja (hoje, a Sé) da cidade de Muqui (cujos trabalhos iniciou). 
Monárquico convicto e activo, foi denunciado no regime republicano por «suspeitas de alta traição», esteve preso, foi libertado e fugiu para o Brasil. Foi julgado à revelia, pelo Tribunal Militar de Coimbra. Foi presidente da Comissão da Ponte (de ainda antes da implantação da República) e à comissão voltou, depois do regresso do Brasil. Então, foi Consultor Diocesano, pároco e arcipreste de Águeda e, depois, pároco de Ois da Ribeira.
Igreja de  Óis da Ri-

beira no Século XX

Camareiro Secreto
da Igreja Católica

A 1 de Agosto de 1911, recusou participar no arrolamento dos bens mobiliários e imobiliários da Paróquia de Óis da Ribeira, arrolamento deliberado nos termos da pela Lei de Separação do Estado da Igreja.
A arrolados foram 94 móveis (alfaias, móveis e variados objectos religiosos), a casa da resi-
dência e o passal (nos terrenos imediatamente a norte da Igreja), o cemitério e também 15 ter-
renos e baldios. Da Igreja Católica e da Paróquia de Santo Adrião de Óis da Ribeira  passaram para a posse do Estado Republicano.
O Papa Pio XI elevou-o à dignidade de  Camareiro Secreto, com o título de Monsenhor e a comunidade católica de Águeda, então e por isso, prestou-lhe «justa e eloquente homenagem». 
Monsenhor José Bernardino dos Santos Silva faleceu a 18 de Janeiro de 1960, aos 79 anos e na sua casa de Ois da Ribeira - entretanto demolida e cujo espaço e quintal são agora proprie-
dade da ARCOR, imediatamente a poente do centro social. 
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