A apanha do moliço na pateira exigia forte força braçal |
A descarga nos portos era apoiado pelas mulheres |
A apanha de mo-
liço na pateira foi tradição que a modernidade «matou», mas ainda é contempo-
rânea de muitos óisdribeirenses vivos.
O dia 25 de Agos-
to era sempre o da abertura da se-
gunda fase da campanha e os sinos de Fermen-
telos tocavam ao alvorecer, dando o sinal para os homens e as bateiras entrarem na água, com varas e ancinhos para a recolha do moliço, arrancado da pateira à custa de muita força braçal.
O moliço, em OdR vulgarmente chamado estrume do ribeiro, era usado como fertilizante dos campos da 4 freguesias ribeirinhas, mas deixou de ser e também deixou de existir nas águas da lagoa.
A imagem que mostramos é dos princípios dos anos 60 do século XX, recolhida em algum pouso da net, e nela vemos já a descarga do moliço nos portos de OdR que eram «vendidos» pela Junta de Freguesia e para uso em prazos fixos. Para o efeito, afixava edi-
tais próprios e a taxa era de 2$50 (ou 25 tostões), qualquer coisa como 1,11 euros, segundo o conversor da Pordata.
Diferente era, naturalmente, o custo anual, fixado em 10$00 (dez escudos) - ou sejam, 4,43 euros a valores actuais. Digamos que as Juntas de Freguesia de Óis da Ribeira desses primeiros anos dos Anos 60 do Século XX não fariam fortunas com estas receitas.
Presidentes das Junta, foram, por esse tempo, Manuel Maria Tavares da Silva (de 2 de Janeiro de 1960 a 4 de Abril de 1962) e Armando dos Santos Ala de Resende, deste esta data e até 1972.
Carregamento do moliço para os campos |
A apanha do moliço
na Emissora Nacional
A tradição extinguiu-se em data indeterminada, mas, pela observação do site «Óis da Ribeira - Notícias, Curiosidades e Histórias», de Luís Neves (ver AQUI) realizou-se em 1989. Não sabemos se de-
A nota de serviço da Emissora Nacional |
A programação da Emis-
sora Nacional (a actual RDP) de 26 de Julho desse mesmo ano dava conta da emissão, às 15 horas, de um programa sobre essa actividade «na freguesia de Óis da Ribeira» e sendo «cerimónia tradicional da apanha das algas na pateira de Fermentelos».
A Emissora considerava que era «espectáculo único no género no País» e também explicava que «manhã cedo, ao toque da alvorada dum sino, centenas de barcos moliceiros entregam-se afanosa-
mente à recolha das algas, ate ao meio dia».
«Sucedem-se, então, com as refeições, danças e descantes regio-
nais, com grande animação até ao pôr do sol»», explicava a nota de serviço da Emissora Nacional, a agora a RDP.
Outros tempos!...
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