terça-feira, abril 30, 2019

Conde ofereceu bandeira à Tuna de Óis da Ribeira

A bandeira oferecida pelo Conde de Sucena, em
1905, à Tuna de Óis da Ribeira. Há 114 anos !


O Conde de Su-cena ofereceu uma bandeira à Tuna de Óis da Ribeira a 30 de Abril de 1905. Hoje se fazem 114 anos.
A bandeira ainda existe e está ex-posta na sede, sendo, natural-
mente, a maior relíquia da sua já longa história.
A notícia da épo-
ca foi esta, colhida do site oficial da Tuna (agora Associação Filarmónica de Óis da Ribeira) e esta, por sua vez, do jornal Soberania do Povo:
«Pelo sr. Conde de Sucena, nosso illustre conterrâneo e digno deputado por este circulo, foi no último domingo entregue à tuna dois da Ribeira, (um)a preciosa bandeira (…). A entrega foi feita na casa que o illustre titular possue n´esta vila, sitta na praça que tem o seu nome, achando-se muitas pessoas presentes e subindo ao ar grande quantidade de foguetes.
A tuna tocou algumas peças do seu variado e distincto reportório, que agradaram muito ás pessoas que alli se achavam.
Antes da retirada da tuna o presidente da mesma, sr. Manuel Tavares da Silva, agradeceu com palavras commovidas e cheias de entusiasmo a valiosa offerta d sr. Conde, que constitue um penhor de eterna gratidão, não só para aquelles alegras rapazes, mas para toda a freguezia de Ois da Ribeira». 
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Conde de Sucena
Conde de Sucena !
- Quem é quem?!
O título Conde de Sucena foi atribuído pelo Rei D. Carlos ao cidadão José Rodrigues de Sucena.
O decreto real é datado de 9 de Setembro de 1904 e o título de Conde passou para seu filho, também José Rodrigues Sucena - o 2º. Conde de Sucena. Foi extinto à morte deste, em 1952. Em 1899, já D. Carlos o titulara Visconde de Sucena.
O 1º. Conde de Sucena nasceu a 13 de Abril de 1850, na Borralha, filho de José Ferreira Sucena e de Rosa Maria Figueiredo, família modesta. Emigrou para o Brasil aos 17 anos, contra a vontade do pai (que o queria padre) e lá fez fortuna, começando a trabalhar numa loja de artigos religiosos do Rio de Janeiro - de que se tornou sócio aos 22 anos. Pouco depois, já era sócio de uma grande empresa de vestuário que, em 1886, passou a funcionar como seu nome. O seu crescimento empresarial foi notável e, em negócios, viajava frequentemente à Europa e, naturalmente, a Portugal, a Águeda e à Borralha. Abriu uma loja em Paris e em Roma várias vezes foi recebido pelo Papa Leão XIII - que o distinguiu o título de Cavaleiro de S. Gregório.
Era também comendador das Ordens de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Cristo (1904).
Hospital de Águeda

Hospital de Águeda
oferecido pelo Conde

Visconde e em finais do século XIX, foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Águeda, de 23 de Agosto de 1899 até 1910. Nessa qualidade, levou a cabo, entre outras actividades, a construção do hospital, concluído em 1909, mas que por razões politicas, relacionadas com a implantação da Republica em 1910, somente veio a ser inaugurado em 1922. Doou-o à Misericórdia.
Casado com D. Rufina Gomersore, uma distinta senhora que era sobrinha do presidente da República do Uruguai, o Conde Sucena era dotado de tal experiência, relacionamento e fortuna, que foi chamado à presidência da Câmara Municipal de Águeda (de 1905 a 1908) e à Câmara dos Deputados, como deputado (em 1905).
Homem generoso, atribuiu milhares e milhares de dádivas, sendo notórias a ponte de Falgoselhe (1907/08), fundação da Escola Agrícola Conde de Sucena, na Borralha, e de uma Escola Agrícola, denominada Condessa de Sucena, em Oliveira de Azeméis (1906), livros e cadernos para as escolas; criação da Associação de Socorros Mútuos Conde de Sucena – que mensalmente distribuía subsídios pecuniários, etc., etc.
Homenagem ao Conde de Sucena

Palácios do Conde
em Lisboa e Seteais

A sua enorme fortuna, e para além de meios financeiros, incluía valiosas propriedades, entre as quais o Palácio Foz e o Teatro Eden, em Lisboa, e o Palácio de Seteais, em Sintra. Ou a sua residência apalaçada da Borralha.
Muito doente, o Conde de Sucena encarregou o dr. António Breda, seu amigo íntimo, de lhe fazer o testamento, segundo as suas instruções. Contemplava sobretudo a Misericórdia. Faleceu a 15 de Abril de 1925, pelas quatro horas da tarde. Os restos mortais do eminente benemérito, repousam no cemitério do Adro, em Águeda, em jazigo de família, cuja conservação ficou a cargo da Santa Casa da Misericórdia.

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