quinta-feira, janeiro 01, 2015

Um roubo para matar a fome..


Ontem, foi o último dia de 2014 e, sem querer, assisti a uma cena do caraças: um imigrante foi preso, por ter roubado comida de um supermercado. Meteu carne congelada entre a camisa rasgada da construção civil e a barriga lisa. Foi apanhado pelo segurança privado, um homem histérico, alertado por uma dama pura de cabelo pintado às riscas de azul, que o empurrou para a câmara frigorífica.
Antes, já fora uma gritaria louca. E ele, diria eu que coitado dele, quase despido de mãos no ar, mãos cruzadas atrás das costas. Uma verdadeira cena de filme americano.
Mulheres vestidas de branco a pingar sangue das luvas de plástico, acabadas de empacotar um bovino qualquer em postas, empurravam as outras com cheiro a peixe que saltavam do balcão ainda com o espadarte cor-de-rosa da cultura da água se expõe inteiro de olhos baços.
Correu-se e gritou-se. Parecia haver uma rede enorme de malha fina que nos queria  apanhar a todos. Não se sabe bem a razão da correria, nem por que se grita tanto.
Lembrei-me de quando fomos, alguns amigos ainda crianças, roubar uns figos a um aido da Rua do Cabo e eu levei uma malha, de vassoura em cima do pelo. Minha mãe não me perdoou. Só que continuei livre...

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