terça-feira, novembro 30, 2021

O Cruzeiro do Cabo e o «cuidar do herdado para deixar em legado»!


A imagem do padroeiro Santo
Adrião está como se vê

O Cruzeiro do Cabo


O Cruzeiro do Cabo, assim conhecido, é das poucas obras arquitectónicas da vila de Óis da Ribeira.
É um bocado da sua história!
A imagem de S. José
O d´Óis Por Três, apesar das diligências efectuadas, apenas conseguiu saber (com o mínimo segurança) que foi em 1945 que, em reunião da Junta de Freguesia, realizada a 7 de Março esse ano, se deliberou a sua construção.
Já lá vão 76 anos!
A construção de um cruzeiro no final da Rua do Cabo, justamente o que agora se encontra frente ao Café O Nelson. Rua actualmente denominada Rua Manuel Tavares e que termina onde começam as ruas de Santo António e da Pateira.
O presidente da Junta de Freguesia era Benjamim Soares de Freitas, que ficou encarregado das necessárias diligências para a concretização da obra. E o executivo incluía o secretário Joaquim Augusto Tavares da Silva e Cunha (professor) e o tesoureiro Manuel Soares dos Santos (Lopes).
O mesmo cruzeiro foi alvo de requalificação em ano indeterminado dos anos 60 do século XX, há volta de 60 anos e por benemerência pessoal de José Valentim Pinheiro Estima - lavrador e negociante de Óis da Ribeira que ainda é vivo (na casa dos 90 anos) e que também, mais ou menos por essa altura, mandou construir a Fonte dos Amores, na pateira.
Altura em que foram colocadas as imagens em azulejaria que hoje aqui reproduzimos
Os azulejos de Nossa
Senhora dos Navegantes

Os azulejos partidos dos
santos do Cruzeiro do Cabo

O dito Cruzeiro do Cabo homenageia várias santidades: Nossa Senhora dos Navegantes, Santo António, S. José e Santo Adrião - o Padroeiro da Paróquia de Óis da Ribeira.
Cada qual por sua razão: Santo Adrião por ser padroeiro, Santo António por perto ter devoção em capela de que é orago, Nossa Senhora dos Navegantes por, julgamos, ser Óis da Ribeira cercada de água e de embarcações; S. José por ser o nome do benfeitor.
O espaço já esteve, durante muitos anos, protegido com cadeados entre os 4 pilaretes, mas estes «desapareceram» e, ao longo dos anos, o cruzeiro tem sido gradualmente degradado.
Os painéis de azulejaria com os santos glorificados estão todos deteriorados - como se pode ver nas imagens que aqui publicamos.
O que, objectivamente, é uma prática desrespeitadora dos santos homenageados. É uma ofensa a quem professa a fé e crença dos seus valores litúrgicos e sacramentais.
É uma ofensa grave e um desrespeito evidente pelo benemérito que, voluntariamente e a suas expensas, suportou os custos desta iniciativa e agora a vê, porque ainda é vivo, abandonada e esquecida, degradada e abandalhada. 
Painel de Santo António
com azulejos partidos


«Cuidar do herdado para 
deixar em legado»!

A questão tem o seu significado religioso, para quem tem as suas afinidades mais ou menos religiosas e característica e mais especificamente católicas. 
Que totalmente respeitamos.
A mesma questão, por outro lado, põe em evidência a descuidada e desleixada desatenção com que o poder local, detentor deste património público, deixe que se degrade, se abandone e fique como se vê nas imagens.
Não basta, dizemos nós (e corrijam-nos, por favor, se for o caso...) que, em panfletária acentuação política, o poder instituído diga que tem como lema «cuidar do herdado para deixar em legado». 
O que é, então, o que será, para os eleitos de Óis da Ribeira, «cuidar do herdado para deixar em legado»?
É preciso e é obrigatório, senhores eleitos, que, em verdade verdadeira, cuidem de verdade e efectivamente o património que herdaram.
O património herdado é semente do futuro. Não o deixem degradar e morrer. Cuidem dele! 
 

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