Tinha planeado ir hoje a Óis mas aconteceu o que é habitual: eu e os meus filhos estarmos doentes sempre ao mesmo tempo. Começa um com tosse, logo o outro, solidário, desata a espirrar e quando damos por nós estamos os três de nariz a pingar e voz nasalada.
Se eles herdaram a minha propensão para ficar de cama, não vai ser bonito, não senhor, pois eu fui das pessoazinhas que passou a infância a tomar xaropes, a acordar a meio da noite para ir ao hospital com falta de ar, a enfiar a cabeça por baixo de uma toalha para melhor inalar os vapores de um alguidar com água a ferver e essência de eucalipto.
Naquele tempo não tinhamos bronquiolites, como agora se diz, mas tinhamos anginas e constipações com fartura.
A coisa foi de tal ordem que, aí por volta dos 8/9 anos anos, me internaram no hospital para uma operação ao nariz e à garganta. Lembro-me como se fosse hoje do quarto com duas camas, uma para mim e outra para a minha mãe, e que foi o meu pai quem me carregou ao colo, escadas abaixo, até quase à sala de operações. Lembro-me do cheiro da anestesia, do gás a sair da máscara, de tanta coisa!
Uma tarde, já em casa, tive a visita da criançada quase toda da escola, que me levaram umas bolachas de chocolate polvilhadas com açúcar (as coisas de que a gente se lembra). Eu comia papa Nestum e bebia muitos sumos concentrados de pêra da Compal que se vendiam em latinhas pequenas. E faziam-me uma papa com leite morno e bolachas, vai-se a ver foi nessa altura que aprendi a gostar de molhar as bolachas no leite, no café e até mesmo no chá, faço-o até hoje, como o Clark Gable em «It Happened One Night». É uma arte, essa a de molhar os bolos no café.
Isto tudo para dizer quer não pude ir hoje a Óis, pois tive de carregar o herdeiro mais novo para o hospital - felizmente sem grandes problemas. Mas eu também com espirros e febres meio-estranhas!