O bolo dos 38 anos da Arcor, aplaudido pelo presidente da AG, Paulo Santos (à esquerda) e elementos da direcção: o tesoureiro Mário Marques, o secretário Joel Gomes, o presidente Manuel Soares, o vogal Luís Ferreira e o vice-presidente Fernando Pires. Palmas depois de fúnebres discursos
Foto do jornal Soberania do Povo
O jornal Soberania do Povo
desta semana também dedica quase uma página (a 15) ao tema «ARCOR: futuro incerto aos 38 anos?», subtitulando que «instituição ribeirense debate-se com um crise directiva e o futuro pode resultar na extinção».
A jornalista Mariana Pinheiro dá conta das preocupações anunciadas e fala de discursos dramáticos mas... realistas. Citou as «palavras fúnebres» do presidente Paulo Santos (da assembleia geral), acentuando este que o «destino da instituição pode ser a... extinção».
Eis o texto:
ARCOR: futuro incerto aos 38 anos
- A instituição ribeirense debate-se com uma crise directiva e o futuro pode resultar na extinção
(...) Ao longo da noite, vários foram os apelos para que os sócios, ex-presidentes, fundadores e amigos da instituição se unissem e mobilizassem, contribuindo de forma activa e empenhada para encontrarem as soluções que melhor servissem a associação e os seus clientes.
O primeiro orador da noite foi o presidente da direcção, Manuel Soares, que num discurso emocionado referiu que a instituição está provavelmente a passar pelo maior desafio alguma vez visto até então, considerando «as dificuldades que existem em encontrar pessoas que disponibilizem algum do seu tempo para assumir os corpos sociais».
Manuel Soares afirmou que «do ponto de vista organizativo, económico e financeiro, a situação é estável e equilibrada, mas o aparecimento de uma crise directiva nesta altura é tudo o que a instituição não precisa».
Na sua última intervenção pública como presidente da instituição, declarou «ter ter sido uma honra ter servido a Arcor durante estes anos», garantindo que fez o que melhor podia e sabia.
Destino da instituição
pode ser a... extinção
(...)
Num discurso com palavras «fúnebres», Paulo Santos, presidente da assembleia geral da Arcor, referiu o constrangimento e grande tristeza que sente por «ver o estado actual a que chegou a instituição».
Por várias vezes questionou se a terra seria assim tão rica que pudesse prescindir da Arcor. Afirmou que Óis da Ribeira «precisa, como do pão para a boca, de um entidade, de uma instituição como a Arcor». Mencionou o facto de «nos últimos anos a crise sentida em todo o país não se ter sentido na instituição graças ao excelente trabalho realizado por Manuel Soares e toda a sua equipa, bem como nestes último anos ter dado sempre lucro».
Garantiu que é necessário o ressurgimento de vida, de oxigénio associativo, tem de haver alma no interior da associação, vontade, predisposição para vir servir a casa». Acrescentou que «o momento actual é de bastante gravidade, que hoje em dia gerir instituições como a Arcor exige responsabilidade civil e penal, caso não surjam eleições, o destino é a extinção».
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Edson Santos, vereador da Câmara de Águeda |
Discursos dramáticos
mas... realistas
Hélder Santos, em representação da Segurança Social de Aveiro, preocupado, afirmou não ir preparado para os discursos «bastante dramáticos, mas também bastante realistas» que lhe procederam.
Referiu a importância de instituições como a Arcor, por desempenharem um papel importantíssimo dentro das localidades, que «a nível das respostas que dão aos cidadãos, quer a nível do emprego que criam ou ainda da dinâmica que geram nos locais em que estão implantadas». Relativamente à nova direcção, afirmou que «não há pessoas insubstituíveis, as pessoas não são eternas, as instituições requerem e exigem para sobreviverem e se desenvolverem, sangue novo nos seus órgãos sociais, que entrem pessoas que consigam agarrar nas coisas que estão, desenvolvê-las e apresentar ideias novas».
Num discurso mais optimista, o vereador da Câmara Municipal de Águeda, Edson Santos, afirmando que a situação actual da instituição não o preocupava muito por «conhecer as pessoas de Óis da Ribeira e saber do que são capazes» e que «sempre deram a volta por cima». Mencionou o agrado que sentiu pelo discurso de Manuel Soares, afirmando que «o discurso com o coração tem outro impacto e você tocou-nos a todos». Deixou uma palavra de agradecimento à funcionárias, pelo «esforço e dedicação que dão à instituição, dando muito mais daquilo que têm».
Por fim, num breve discurso, Francisco Vitorino, presidente da Assembleia Municipal de Águeda, congratulou a associação pelo seu 38º. aniversário e sugeriu a Manuel Soares que não deixasse sair as pessoas da sala sem antes arranjar uma nova direcção, porque, com certeza, haveria «muita gente boa e capaz para resolver o problema».
MARIANA PINHEIRO
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Augusto Gonçalves |
Outras palavras
Coragem da quem criou a Arcor
O presidente da União Concelhia das IPSS de Águeda, Carlos Lemos, referiu como grande factor impeditivo o facto de actualmente os corpos sociais passarem a ser de 4 anos, de acordo cm a nova legislação, o que condiciona muito as pessoas, pois «tem que despender da sua vida pessoal e profissional para estar nestas funções». Acrescentou ainda a enorme responsabilidade que actualmente é necessária para quem está apenas «a título de voluntariedade» e salientou o facto de a Arcor ser uma instituições de referência no concelho de Águeda, graças ao brilhante papel desenvolvido por Manuel Soares.
Sérgio Neves, presidente da Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Travassô e Óis da Ribeira, começou por mencionar que as pessoas que servem uma instituição «devem dar de si, antes de pensarem em si». Apelou a todos que participassem, pois «a Arcor não é de ninguém, é de todos e como tal deve haver um esforço comum entre todas as partes», afirmando que «criticar não chega, é preciso intervir na sociedade que nos rodeia».
Augusto Gonçalves (foto) enalteceu a coragem de quem há cerca de 39 anos «teve a iniciativa de criar esta associação em Óis da Ribeira».
Referiu a grande dificuldade do que «custa gerir todo este complexo de opiniões, de necessidades, de ideias, de obstáculos e tudo aquilo que faz parte da vida de uma instituição». Depois, deixou uma palavra de apreço aos que durante 38 anos asseguram a vida da instituição, à actual direcção e a todos os colaboradores que desempenha um papel fundamental, garantindo que está «absolutamente convencido que os ribeirenses mais uma vez irão corresponder às necessidades futuras da instituição».