Uma assembleia geral para extinguir a ARCOR?

Os presidentes Mário Marques (direção) 

e Manuel Soares (assembleia geral)

ARCOR 2021

A assembleia geral da ARCOR de 16 de Abril de 2021 aprovou as contas de 2020 e o programa de acção e orçamento para 2021, mas nada adiantou sobre o mais expectável e absolutamente desejável: a eleição de novos órgãos sociais. Ou melhor, soube-se que um dos putativos candidatos (Dinis da Conceição Alves) desistiu... duas vezes. Ou o pior e inesperado: Manuel Soares, o presidente da mesa da assembleia geral, admitiu convocar uma assembleia extraordinária para extinguir a associação.
Inacreditável!
O que se passa com a ARCOR parece-nos absolutamente extraordinário, diríamos que kafkiano: de associação construtora, criadora de emprego e dinamizadora de sinergias e riqueza, cultura, recreio e, estas valências felizmente activas, o desporto e as actividades sociais, de instituição criadora de elevadas poupanças, passou a pedinte de hortaliças e legumes. Como se viu no comunicado/apelo de Dezembro de 2020.
A uma eventual extinção!
E isto nem é, infelizmente, sentido figurado, fazendo fé nas palavras do PAG. É literal.

A ARCOR é, assim, um caso de estudo.
As últimas direções conseguiram «coisas» extraordinários desde que assumiram a liderança.

1) - Não gastaram um prego em investimento e/ou obras de manutenção do centro social e, quanto à frota automóvel, um associado apontou o dedo, na última AG. 

«Sabe o que deixou a esta direção? Carros podres, sem reparação e até sem pneus Não repararam quando deviam reparar», disse Paulo Jorge Gomes, dirigindo-se ao último presidente da direção e actual presidente da assembleia geral, considerando-o «o principal responsável» pela situação da ARCOR. 

E quanto ao edifício da sede e centro social, não vê pedreiro desde que foi construído. Nem manutenção.

Já lá vão 16 anos!

Já não falando no tristemente abandonado e degradado polidesportivo - que é um infeliz «caso» de desmazelo e desrespeito pela herança recebida.

A capa do «Região de Águeda»:

«ARCOR sem lar pode não ser

sustentável», disse M. Soares

2 - Desde 2016 que somam gestões deficitárias, que já vão em negativos 249 251,32 euros.
O que porá em causa a sua sustentabilidade. 

Há 6 anos, em Janeiro de 2015 e no 36º. aniversário da instituição, o então presidente da direção (e actual PAG), já adiantava preocupante alerta:

«Neste momento, a situação da ARCOR é estável, mas, sem o lar, a instituição pode tornar-se insustentável a médio prazo». 

E, por isso mesmo, apelou ao apoio dos sócios e da população para que «a instituição possa concretizar essa antiga ambição de construir um lar». 

Passaram-se já mais de 6 anos!
Insustentável a médio prazo? Bom, logo nesse ano de 2015 ainda teve saldo positivo (em modo pequenino...) mas já foi negativo em 2016 e negativo continuou até aos dias de hoje. 

Os défices já somam os tais 249 251, 32 euros.
E quanto ao lar, o que fizeram as direções do próprio Manuel Soares e a de Mário Marques, seu tesoureiro e herdeiro na presidência? 

Sabemos é que a ARCOR nem sequer se candidatou ao PARES 3! Como o pode construir?
Chama-se a isto «insustentabilizar» a associação. E nem usemos mais palavras.

Os 200 000 euros foram

mingando, mingando...

3 - A ARCOR criou (ou imaginou criar) uma cerca sanitária em volta dos 5 anos sucessivos de gestões deficitárias. Qualquer desculpa valia/valeu para explicar a competência deste desastroso quinquénio - e eventualmente outros para trás. 

A mais falada dá pelo nome de «ano atípico» - quando o único ano atípico, quanto aos anos de contas prestadas, foi o de 2020, o da pandemia covídica.

E com isso, a aplicação financeira de 200 000 euros foi mingando.
Há algo de tragicamente shakespeariano nesta queda da ARCOR. Algo inexplicável. Algo muito difícil de entender.
Aparentemente, os dirigentes da ARCOR fizeram como aquele condutor que, culpado de um aparatoso acidente, o que fez foi não parar, continuando em frente e sem olhar sequer pelo retrovisor, para ver dos estragos que criou.

E foi em frente, em frente, em frente..., até ser apanhado pela polícia, porque alguém «tirou» a matrícula.

4 - A ARCOR, tirando o facto de ter liquidado abastadas poupanças aforradas por outros magistérios directivos, nada fez de jeito para angariar meios financeiros.
Tirando o facto de não haver rumo, não ter planeamento e não ter liderança, de não arrecadar receitas, até se tem, mesmo assim, mantido de pé e prestigiada, com qualidade de serviços assegurada. Valha isso, que é por bem e é bom.
O que leva, então, o PAG, a anunciar a convocação de uma assembleia de extinção da associação? Extinção? Valha-nos Deus!
Há sempre milhares de razões para explicar tudo e mais alguma coisa, quando as coisas correm menos bem e na ARCOR algo vai menos bem. Basta olhar para os 249 251,32 euros de défices acumulados para se poder avaliar a dimensão da «tragédia».

E para o desbaste que levou a aplicação financeira deixada em herança!
Convém que os associados não olhem para o futuro com a mesma complacência com que olharam para o passado mais próximo e para o ziguezaguear de desculpas com que tem sido explicados os défices.
É essa a questão e deveria ser o primeiro objectivo: saber como e porque se chegou aqui.