segunda-feira, janeiro 30, 2017

A santíssima família..., o se e o se!

A certidão de óbito da instituição pôs a santíssima família no tribunal supremo da opinião pública ribeirinha. Como assim e como assado, o que é e o que não é, a fúnebre pré-sentença do prestante orador teve o condão de acordar a comunidade. Então e se?

d´Óis Por Três (2x3): Então diz-se para aí que a santíssima família vai extinguir a instituição?! Se... não sei o quê?
d´Óis Por Dois (2x2): Parece que sim e assim proclamaram tio e sobrinho... Se até veio nos jornais, é porque é verdade.
2x3: Mas isso pode lá ser?!
d´Óis por Um (2x1): Claro que pode, se a santíssima família o diz...
2x2: Nem quero acreditar numa coisa dessas... Uma família tão dada à instituição, a esta e a outras! Mas realmente, se o dizes...
2x1: Pois acredita, se quiseres, mas se a santíssima família falou é porque sabe... E falou, tá falado. Extinga-se, pois!
2x3: Mas ouçam lá, então mas isso é mesmo assim, chega-se ali e dizem-se meia dúzia de lérias ao povão e toda a gente se cala? E mata-se a instituição?! Extingue-se? Eu nem quero acreditar!
2x1: Tal e qual... Assim foi dito e redito, solenemente e com ar grave, e assim será, provavelmente. Os santíssimos familiares dizem que a lei é assim e, pronto, nada a fazer... que se extinga a instituição. Se é que é essa a lei! Eu sei lá!... Já estou como o outro, desde que viu um porco a andar de bicicleta.
2x3: E não se esqueçam que a santíssima família sempre assim foi, mandona e sábia, poderosa, presidencial e senhora, até na política local, até na música...
2x2: Oh pá, eu nem quero acreditar que as pessoas, por muito santíssimas que sejam, possam pensar, quanto mais considerar extinguir a instituição, assim sem mais nem menos. 
2x1: Vai-te habituando, vai-te habituando..., as coisas mudam, até as pessoas mudam... E se não houver lista...
2x2: Se? Mas qual se?
2x1: Sim, se...


A santíssima família gosta muito de «ses», é especialista em «ses». 
Se não aparecer lista, 
se não houver eleições, 
se tiver de ser a coveira.

2x2: Então mas a instituição não está de saúde e cheia de massa? É o que se ouve dizer! Aqui, nestas coisas, pá..., não há se nem meio se: ou se está ou não se está de saúde!
2x1: Depende do ponto de vista. Se...
2x2: Não me venhas cá com ses..
2x1: Ó pá, se não houver lista, pronto, o que é que queres?, a santíssima família fecha a loja. O homem até disse que terá um dia triste, o mais triste da vida..., se tiver ele de ser o coveiro... O homem falava a sério, via-se bem como lhe doía a alma.
2x3: Shiiiiiii, pá..., tenham calma, pá... Se a santíssima família tiver coragem para fechar, se a fechar...
2x2: Não me venhas lá outra vez com essa história do se...


A santíssima família 
gosta muito do «se»
adora os «ses»,
o se é o sal da vida,
em tudo põe «ses»: 

- se a relação institucional não funcionar, 
- se não aparecerem candidatos,
- se a terra é assim tão rica que não precisa da instituição, 
- se não aparecerem pessoas com um tempinho para a  instituição, 
- se este é provavelmente o maior desafio da sua história,
- se não há pessoas para gerir uma instituição estável e equilibrada,
- se, idem, do ponto de vista económico e financeiro,
- se uma crise nesta altura é tudo o que a instituição não precisa,
- se é constrangedor ver o estado actual da instituição,
- se é um desgosto enorme ser o coveiro da instituição,
- se a lei diz que o destino é a extinção,

pois extinga-se o «se», 
esfole-se o «se» 
e ponha-se o «se» em lume brando...


Por esses «ses» todos da vida associativa, e outros que tais e tão «ses», é que, pensa o d´Óis Por Três de que..., se (outra vez?) se extinguir a instituição, se ressuscitará a morta para além dos deuses santíssimos e dela se fará o que sempre foi: do povo e não de dinastias que não são assim tão santificadas como isso.

2x3: Ó pá, fosga-se..., isso dos ses parece assim uma coisa tão mais absurda. Para que é tanto se, tanto se..., afinal, se uma relação se quer sempre apaixonada e duradoura?
2x2: Tás a ver, lá estás tu com os ses. Mas olha que isso das relações apaixonadas e duradouras é como quem diz..., já é chão que já deu uvas. E quanto à relação da santíssima família com a instituição parece ser como a dos casais novos: juntam-se para experimentar e logo se vê!
2x1: E viu-se o quê, neste caso? O se?
2x2: Se assim achas! Ó pá, aquilo foi mas é um momento menos bom que lhes deu e já andavam cansados de papéis. O santíssimo mais velho começou a chatear-se e deprimiu-se. Já estava farto de instituições, já não tem vida nem idade para certas coisas e assim como se separou das outras, quer agora separar-se desta. É assim uma espécie de divórcio, tás a ver?!
2x1: Se assim é, por que o faz de forma litigiosa? Iam a um bom advogado e faziam um acordo amigável...
2x3: Isso estaria muito bem, se esta «noiva» não fosse melhor que as outras. Se, tás a ver..., cá está mais um se. A vida é um mundo de ses.
2x2: Isso é tudo uma treta...
2x1: Se assim fosse, se fosse assim...
2x3: Não me venhas outra vez com o se...
2x2: O melhor é proporem uma adenda ao se...
2x3: Então adenda lá...
2x2: Se a santíssima família quer extinguir, então que extinga mas fique lá até ao fim e organize o funeral, um funeral como deve ser, com todas as honras.
2x1: E olha que para isso, quase nem precisam de sair de casa..., tem lá um cangalheiro!!!
2x2: Tá claro... e sempre terão o funeral mais barato.
2x3: E como a santíssima família é muito tunante, tocará a Tuna a marcha fúnebre na procissão lutuosa. Talvez Chopin, o que é que achas? O terceiro andamento da sonata nº. 2 ficaria muito bem. Ou a «Heroica», de Beethoven...
2x1: Seria realmente uma bonita homenagem, com a santíssima família a levar a chave e as grinaldas e a cadenciar o passo ao som da marcha fúnebre.

Sem comentários: