A escola primária, de 3 salas, de Óis da Ribeira vai ser cedida, por 30 anos, à Delegação de Águeda da Cruz Vermelha Portuguesa |
A assinatura do protocolo de cedência da escola, da Câmara à Junta de Freguesia, a 13/02/2010 |
As 3 salas da escola Primária de Óis da Ribeira foram «perdidas» por 30 anos e para a Delegação de Águeda da Cruz Vermelha Portuguesa.
O d´Óis Por Três já AQUI falou do caso e hoje lembra que o património público da vila óisdaribeirense foi, de mão-beijada, entregue a gestão estranha e futura ocupante.
Antes de mais, e em declaração de interesses, o d´Óis Por Três afirma e declara, sem quaisquer dúvidas, que nada tem contra a Cruz Vermelha
menos contra a sua Delegação de Águeda.
A sua comissão administrativa fez o seu papel e teve a colaboração das entidades que detinham a propriedade (as 3 salas e logradouro) construída com o esforço e bairrismo das gentes de Óis da Ribeira.
O protocolo de cedência das instalações a escola à Delegação da CVP foi aprovado a 25 de Fevereiro de 2022, por unanimidade mas na ausência do vereador Antero de Almeida. Aprovado pelo presidentes Jorge Almeida e os vereadores Edson Santos, Marlene Gaio e Vasco Oliveira (do Movimento Juntos/PSD/MPT), Luís Pinho e Daniela Herculano (do PS). Antero Almeida, do CDS/PP e por razões que nada tem a ver com o caso, tinha abandonado a sessão.
«Encontra-se devidamente fundamenado o interesse público do município (...), considerando que lhe cabe apoiar as suas instituições e contribuir para que estas se encontrem de meios físicos, como instalações e equipamentos adequados a assegurar o cumprimento das suas funções e á prossecução dos seus fins», justificou a Câmara, na proposta votada na sessão de 25 de Fevereiro de 2022.
Tudo, quase tudo, a favor da alienação do património de Óis da Ribeira para entidade estranha e ante o silêncio e algumas cumplicidades locais.
a entidade «estranha»!
A Delegação de Águeda da CVP, por email de 22 de Fevereiro de 2022, solicitou à Câmara Municipal de Águeda a celebração de «um contrato para a cedência temporária e gratuita, em regime de comodato, com a duração de 30 anos, da antiga escola básica de Óis da Ribeira».
Não é dispiciendo dizer que a CVP sabia que, no mesmo dia 22 de Fevereiro e por singular coincidência, a Junta de Freguesia da União de Freguesias de Travassô e Óis da Ribeira (UFTOR , por email enviado à Câmara Municipal de Águeda, abdicava do comodato do mesmo edifício, celebrado a 13 de Janeiro de 2020.
«Vimos por este meio pedir a cessação do protocolo entre a Câmara Municipal de Águeda e a UFTOR com o objecto «Cedência das antigas instalações da escola básica de Óis da Ribeira», escreveu o presidente Sérgio Neves.
A mesma UFTOR e o mesmo presidente que, na escola se propunha «desenvolver um projeto multigeracional», tendo por objetivo «a realização de atividades de caráter social e cultural, projetos com a comunidade que promovam a integração e a inclusão social». Entre as atividades previstas para aquele espaço contava-se «a criação de um atelier de costura».
Só que nada disso aconteceu.
Prometer, na verdade, pouco custa. Não custa nada.
O famoso slogan da Junta de Sérgio Neves - o de «cuidar do herdado para deixar o legado» - neste caso, como noutros, vale(u) zero.
Só que nada disso aconteceu.
Prometer, na verdade, pouco custa. Não custa nada.
O famoso slogan da Junta de Sérgio Neves - o de «cuidar do herdado para deixar o legado» - neste caso, como noutros, vale(u) zero.
Mais curioso: abdicou do edifício em favor de entidade estranha à UFTOR e que vai ser concorrente directa das duas IPSS´s com creches: a ARCOR, de Óis da Ribeira, e o Patronato de Travassô.
Creche para 92 crianças
e «concorrente» da ARCOR
e do Patronato !!!
A Delegação de Águeda da Cruz Vermelha Portuguesa teve cumplicidade da Junta de Freguesia neste processo de transferência de comodato.
Desistiu dele no mesmo dia em que a CVP o solicitou à Câmara Municipal de Águeda - o que «cheira» a combinação. De resto, previamente anunciada: já no projecto político eleitoral de 26 de Setembro de 2021, a lista liderada por Sérgio Neves, recandidato a presidência da Junta de Freguesia, anunciava a criação de nova creche, a do tal Método Montessori - destinada, e citamos, a «ajudar o desenvolvimento integral das crianças, apostado em todos os aspectos: cognitivos, emocionais e de desenvolvimento cerebral».
O email enviado pela Junta de Freguesia e assinado por Sérgio Neves, a 22 de Fevereiro de 2022, explicou melhor a transferência do comodato, referindo que a CVP «pretende utilizar a escola para a construção de um novo equipamento social».
Equipamento social, sublinhou o presidente Sérgio Neves, que a Junta de Freguesia da UFTOR, «irá apoiar na sua concretização».
E com este preciosismo, sobre as instalações da escola primária de Óis da Ribeira: «Não serão mais mais necessárias para outros fins».
Os fins do protocolo que assinou a 13 de Janeiro de 2020.
E para quê?
Para a Delegação da CVP instalar as valências de creche e pré-escolar:
1 - CRECHE para 42 crianças e com três salas de actividades: berçários com salas para idades compreendidas entre os 6 meses e os 36 meses
2 - PRÉ-ESCOLA para 50 crianças dos 3 aos 6 anos, com salas de actividades.
3 - OUTROS ESPAÇOS: Áreas comuns às 2 respostas sociais anteriores, com sala polivalente, sala de recursos multimédia, casas de banho (incluindo uma adaptada), gabinetes de equipa pedagógica e da direção, receção, cozinha e vestiários e, no espaço exterior, um campo multi-desportivo e uma horta biológica».
«Esta creche não só irá permitir uma abordagem diferente a nível educacional para as crianças do concelho de Águeda como permitirá a criação de vários postos de trabalho», assegurou Ricardo Matos, presidente da comissão administrativa da Delegação de Águeda da Cruz Vermelha Portuguesa, a justificar a proposta apresentada à Câmara Municipal de Águeda.
No dia 21 de Fevereiro.
Na véspera de a Junta de Freguesia da UFTOR denunciar e abdicar do protocolo assinado a 13 de Janeiro de 2020. O que não deixa de ser curioso.
- AMANHÃ: As IPSS´s de TravassÓis alegadamente sem vagas.
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