José Pinheiro de Almeida |
A República |
O Rei estava no Bussaco e o grupo republicano aguardava na Pampilhosa ordens de Lisboa para a detenção do monarca. Grupo que tinha a cumplicidade do capitão Viegas, oficial da guarda do Rei que residia no Malhapão, em Oliveira do Bairro.
José Pinheiro de Almeida era carpinteiro de profissão, pobre e humilde, de fraca constituição física mas de forte compleição moral. O jornal «Independência de Águeda», pela pena de João Elísio Sucena, na sua edição de 5 de Outubro de 1968, lembra que «defendia com ardor desusado, com coragem, com altivez e com o sacrifício que fosse necessário fazer, todos os ideais do seu espírito».
«Conversava com verbosidade, parecendo que as palavras se atropelavam ao acudir-lhe aos lábios. O calor com que, em geral, se manifestava nas conversas, era a prova da sinceridade com que exteriorizava o seu pensamento», acrescentava o jornal republicano de Águeda de há 52 anos, que editava um artigo inicialmente destinado ao jornal «Águeda» - de que tinha sido director o próprio João Elísio Sucena.
crianças), Eugénio e Elísio (que viveram e morreram em Viana do Castelo) e Alexandre Pinheiro de Almeida, que faleceu em Óis da Ribeira. Neto aqui residente e filho de Alexandre é o agro-pecuário Arménio Framegas Pinheiro de Almeida.
«Conversava com verbosidade, parecendo que as palavras se atropelavam ao acudir-lhe aos lábios. O calor com que, em geral, se manifestava nas conversas, era a prova da sinceridade com que exteriorizava o seu pensamento», acrescentava o jornal republicano de Águeda de há 52 anos, que editava um artigo inicialmente destinado ao jornal «Águeda» - de que tinha sido director o próprio João Elísio Sucena.
e integridade ideológica
A família de José Pinheiro de Almeida era numerosa, teve 5 filhos do seu casamento com Mariana de Jesus Viegas, e poucos bens, sustentando a casa com o seu honrado trabalho de carpinteiro. O que não impediu a sua grande fé na República, «pela qual se bateu em todas as circunstâncias, sem olhar, jamais, aos contratempos e aos perigos que daí podiam advir».
«Bateu-se com firmeza e intransigência, mas sem ódio, pois era de coração lavado, rasgadamente e generosamente aceitando os debates e as batalhas», dele disse João Elísio Sucena, «em homenagem ao carácter e à integridade ideológica de José Pinheiro de Almeida.
«Parece que ainda o estamos a ver, nas primeiras eleições após a implantação da República, vir à frente do valoroso grupo de Óis, sempre tão firme e altivo, de bandeira verde-vermelha empunhada e erguida tão alta, para mostrar a grandeza da sua fé», escreveu João Elísio Sucena.
Reunião em Óis da Ribeira
antes da República!
José Pinheiro de Almeida estava intimamente ligado ao movimento republicano de Águeda e a sua casa de Óis da Ribeira foi palco, poucos dias antes do 5 de Outubro de 1910, de uma reunião conspiratória.
Reunião que João Elísio Sucena considerou «um facto histórico» e que esteve na linha do «movimento percursor revolucionário que culminou com a proclamação da República».
Foi participada por cidadãos da elite republicana de Águeda como, por exemplo, os drs. Eugénio Ribeiro, Manuel Alegre (avô do poeta), Alexandre Braga e Abílio Nápoles e também Bartolomeu Severino e Manuel Mendes da Paz.
«Não o movia o interesse. Pobre, sim, humilde, sim, mas acima de tudo estava o seu nome e o nome da República que tanto amou e serviu», escreveu João Elísio Sucena, sem esquecer Mariana de Jesus Viegas - a sua esposa, que faleceu a 31 de Maio de 1971(2?) em Viana do Castelo e na casa do filho Eugénio.
Família Pinheiro:
- pais e 5 irmãos !
José Pinheiro de Almeida era filho da costureira Maria dos Santos Pinheiro e nasceu a 11 de Dezembro de 1878. Há 142 anos!
Neto de José Ferreira Baeta e de Ana Maria dos Santos Pinheiro, foi baptizado a 19 de Dezembro daquele ano, na Igreja Paroquial de Santo Adrião de Óis da Ribeira, apadrinhado por José Framegas Alves e Maria Emília Pinheira.
Casou com a jornaleira Mariana de Jesus Viegas, a 26 de Setembro de 1901, e o casal teve 5 filhos, todos falecidos: Severino e Porfírio (ainda
Alex. Pinheiro |
José Pinheiro de Almeida faleceu a 4 de Janeiro de 1919, aos 41 anos e vítima de tuberculose.
«Até à hora da sua morte, manteve intacta a sua crença na democracia. Depois da sua morte, o nome deste humilde apóstolo tem sido, ainda para muitos, um emblema de alta significação e valor», sublinhou João Elísio Sucena, afirmando ainda que «o Partido Republicano perdeu um dos seus soldados mais disciplinados».
Foi um dos fundadores do Centro Republicano de Óis da Ribeira, festivamente inaugurado a 30 de Julho de 1911 (ver acta, na imagem acima, e AQUI).
- NOTA: JOÃO Elísio Sucena que aqui citamos, foi político do Partido Republicano Português e diretor do jornal «Águeda», que se começou a publicar em 1 de Outubro de 1928 e foi suspenso pela censura em 10 de Julho de 1937. Os dados deste post foram recolhidos de um artigo que foi publicado no jornal «Independência de Águeda» que, a 5 de Outubro de 1968, comemorou o 5 de Outubro de 1910 - o dia da implantação da República.
1 comentário:
Mais um ano, menos um palmo a separar-nos da verdade, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento da mentira, que a morte remata...
Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas...
Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais...
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